domingo, 3 de junho de 2012

O GATO


O Gato
         Vem cá, meu gato, aqui no meu regaço;
         Guarda essas garras devagar,
         E nos teus belos olhos de ágata e aço
         Deixa-me aos poucos mergulhar.   Quando meus dedos cobrem de carícias
         Tua cabeça e o dócil torso,
         E minha mão se embriaga nas delícias
         De afagar-te o elétrico dorso,
         Em sonho a vejo. Seu olhar, profundo
         Como o teu, amável felino,
         Qual dardo dilacera e fere fundo,
         E, dos pés a cabeca, um fino
         Ar sutil, um perfume que envenena
         Envolvem-lhe a carne morena.
       

        Viens, mon beau chat, sur mon coeur amoureux;
        Retiens les griffes de ta patte,
        Et laisse-moi plonger dans tes beaux yeux,
        Mêlés de métal et d'agate.Lorsque mes doigts caressent à loisir
        Ta tête et ton dos élastique,
        Et que ma main s'enivre du plaisir
        De palper ton corps électrique,
        Je vois ma femme en esprit. Son regard,
        Comme le tien, aimable bête,
        Profond et froid, coupe et fend comme un dard,
        Et des pieds jusques à la tête,
        Un air subtil, un dangereux parfum,
        Nagent autour de ton corps brun.

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