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Meu pai foi um homem simples, foi seminarista e depois desistiu é claro de ser padre, conheceu minha mãe e ai formou-se a familia. Meu pai não era de falar muito, mas sempre teve uma preocupação constante com nossa saúde, se estávamos com frio, com o sereno na cabeça, o pé descalço. Era um homem de saúde frágil, tinha problemas de coração, pressão alta, mas não se queixava, sempre fomos uma familia unida, missa aos domingos era sagrada, aniversários, Natal, férias, todo mundo junto.
Com o passar dos anos ele foi ficando cego, perdeu uma vista bem no ano em que me casei, depois de uns 8 anos foi perdendo a outra, foi difícil para ele, para minha mãe e para todos nós, ele que já era calado foi ficando mais quieto, as vezes perguntava para ele como ele se sentia, ele diziia que era difícil mas que aceitava.
No ano passado minha mãe teve complicações físicas e descobrimos um câncer, ele não sabia, mas acho que deduziu que havia algo sério acontecendo.
Um dia após meu aniversário, levei ele ao pronto-socorro já que ele apresentava uma dormência nos dedos, o diagnóstico foi ruim ele estava tendo um AVC hemorrágico, ficou na UTI, não saiu mais durante 3 meses.
A única coisa que não pude fazer por ele e que me dói foi um pedido, quando ele entrou na UTI ele pediu que eu ficasse com ele, e eu não pude. Pai onde você estiver, o que eu mais queria era voltar aquele dia e te dar colo, como muitas vezes você me deu, ficar com você, como muitas vezes você ficou quando eu estava com medo com dor.
A falta que ele me faz é muita, mas o que sou hoje devo muito a ele que foi um homem honesto. trabalhador e acima de tudo tolerante principalmente com sua cegueira tardia.
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