COMPORTAMENTO: Freud e as mulheres, o pai da psicanálise ajuda os homens
a entender um pouco sobre elas Por mais que conheçamos as mulheres, sempre nos surpreendemos com seus
desejos e pensamentos. O mais exímio conhecedor da alma feminina nunca saberá
que tantos mistérios guardam uma mulher. De Don Juan de Marco à Woody Allen,
nenhum deles conseguiu desvendas uma mulher sequer. Por mais que muitos homens
afirmem que todas as mulheres são iguais, isso nunca será uma verdade. Até por
que nem elas ao certo sabem o que querem, pois suas certezas viram dúvidas num
piscar de olhos. Suas palavras podem dizer uma coisa enquanto seu coração diz
outra. E por que elas são assim? Tão fortes e tão frágeis, tão decidias e tão
incertas, tão independentes e ao mesmo tempo tão carentes. De onde vem essa
dualidade que habita a alma feminina que deixa tantos homens desnorteados
diante de certas atitudes? Isso sem dúvida é um assunto de extremo
interesse masculino, que sempre reacende as velhas questões que semeiam
discussões entre homens e mulheres ao logo dos tempos.
Talvez essas questões respondam
por que homens e mulheres são tão diferentes e principalmente, no nosso caso,
porque elas pensam tão diferentes de nós? Coisas simples, como uma pergunta
sobre o que a mulher quer fazer no sábado à noite, vira um diálogo sem fim, ou
o clássico feminino que quando elas querem dizer "sim", dizem
"não", e vice e versa. Vai entender. Se nem Sigmund Freud foi capaz
de chegar a uma resposta que satisfizesse a pergunta, por ele um dia levantada:
"Afinal, o que querem as mulheres?", que dirá nós, pobres homens com
QI abaixo de Freud. Mas o que pensava "o pai da psicanálise" sobre
elas? A MENSCH mergulhou no universo de Freud em busca de respostas, ou quem
sabe apenas para entender as razões que formam a alma feminina que tanto nos
encanta.
Entre outras preocupações, Freud retomou a discussão da natureza do sexo feminino, abrindo para a então nova ciência do inconsciente, possibilidades ainda inexploradas. Tentou então desvendar a feminilidade, estudar a sua constituição a partir da estrutura edipiana, que constitui um dos pilares da psicanálise. Através da estrutura edipiana, Freud distribuiu as posições do pai, da mãe, do filho e da filha e detalha o papel que cada um aprende a assumir e a sua realidade sexuada ou, a resignar-se a ela, quando se trata da menina. Para ele a lei do pai, ao proibir a posse da mãe, primeiro objeto de desejo, que deverá transferir-se para outra mulher e, no caso da filha, para outro sexo, inaugura o acesso à maturidade e à capacidade do simbólico, através da prova da castração. Assim a posição de cada sexo está ligada à sua configuração morfológica. A menina é diferente do rapaz, sendo inferior a este, privada como está desse pênis que lhe falta, de que tem "inveja" e de que não encontra senão um pálido sucedâneo no clitóris. O sexo feminino é definido negativamente em relação ao sexo masculino. Tornar-se mulher é aceitar não ser homem, através de um laborioso itinerário. Mas o acesso aos benefícios fálicos, à sublimação, custará caro à menina, sempre mais ou menos levada a escolher entre o prazer e o trabalho, enquanto o rapaz pode harmonizá-los. Ao mesmo tempo em que a psicanálise foi capaz de dar conta do desejo das mulheres, ela permaneceu, até então, impotente perante o seu querer, que não coincide com o seu desejo. Ainda hoje os modelos criados pela psicanálise estão enrraizados na cultura ocidental, como a "mãe má" (que não é mais, pessoalmente responsável, no sentido moral da palavra, e sim uma mãe "inadequada"), que ainda é percebida como uma mulher ao mesmo tempo malvada e doente. E conseqüentemente foram aumentados os sentimentos de angústia e culpa maternas no séc. 20. Uma de suas preocupações deslocava-se para o entendimento da psiquê da "mulher normal" ou "feminina" que é definida por Deutsch como uma tríade básica que comporia o psiquismo feminino: a passividade, o masoquismo e o narcisismo.
Desta naturalização das funções do corpo feminino, sobraram poucas alternativas às mulheres. Se o corpo fora feito para gerar filhos, não seria então natural que uma mulher não os tivesse, não os amamentasse, não fosse inteiramente devotada a eles. Logo, foram criados apenas dois modelos rígidos como opção para as mulheres, a que seguia a sua "natureza", que era naturalmente submissa, devotada, bondosa, comedida, discreta, boa mãe, boa filha, boa esposa, obediente, entre outros e a que não seguia a "natureza" e não era vista com bons olhos pela sociedade. Sendo assim, por tudo isso, mesmo nos dias de hoje em que as mulheres mudaram sua forma de ser e agir, lá no fundo todas as teorias psíquicas sobre a formação da mente feminina ainda refletem em seus atos. Por mais modernas que sejam, eternas questões geradas ao longo dos anos, como por exemplo, expor seus desejos e vontades, geram conflitos internos. Inseguranças e julgamentos virão de outras mulheres e delas próprias, por mais que a sociedade tenha evoluído diante da figura feminina. Assim se explica, ou não, questões simples, que na mente feminina muitas vezes geram conflitos e dualidades, como uma simples resposta para o que se deve vestir hoje à noite
Matéria feita pela revista Mensch.
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